Histórias de uma Copa infeliz

Coluna: Thiago Carvalho

Nem todas as histórias acabam bem - com um final feliz, nem tampouco começam bem. Um torneio de futebol que acaba em um único mês, acabou com o Brasil em segundos, e está destruindo a paciência dos brasileiros numa fração.

Há 11 anos atrás, ainda no clima do Mundial na Alemanha em 2006, a Conmenbol (Confederação SulAmericana de Futebol), já anunciava os candidatos a sediar o maior evento esportivo do mundo: a Copa do Mundo 2014 da FIFA (Federação Internacional de Futebol Associado). Argentina, Brasil e Colômbia eram os candidatos. Numa votação unânime pelos diretores da organização Sulamericana, o Brasil seria o escolhido. Caberia então a FIFA, analisar  as condições de infraestrutura do país para tal acontecimento.

Na época, o Brasil era presidido por Luíz Inácio Lula da Silva (Lula), numa candidatura vitoriosa aos olhos democráticos. O presidente da FIFA, Joseph Blatter e o presidente do Brasil Lula, já começavam a se reunir para definirem de fato a participação do Brasil como país sede do evento. Blatter havia dito que era provável que o país pudesse cumprir com os requisitos que a entidade esportiva, solicitava. O otimismo de ambos, pesavam iguais na balança.

Após visitas nos principais estádios do Brasil, Blatter, disse que não havia condições algumas do país (isso mencionando apenas estádios), de cumprir com os requisitos. Lula por sua vez, afirmava à imprensa que o país deveria construir doze novos estádios e o na época Ministro dos Esportes do Governo brasileiro Orlando Silva, dizia com forte convicção de que o Brasil faria o que fosse possível para receber o evento.

Ricardo Teixeira, o ex-presidente da CBF (Confederação Brasileira de Futebol) já empurrava a responsabilidade da iniciativa privada para a construções dos estádios que fossem necessários para a realização do evento e que atendessem ao 'padrão FIFA'.

Mas não acabava por aí. Em 2007, encerrava o prazo da FIFA para escolha do país sede. A CBF entregava a FIFA, as propostas das cidades brasileiras candidatas a sediar alguns jogos. No final do mesmo ano, a FIFA anunciava oficialmente o Brasil como sede da Copa do Mundo de 2014, mas ainda definiria as cidades no ano seguinte. Já havia sido dada a largada, e o Brasil tinha apenas sete anos para construção dos estádios nos requisitos solicitados.

Pois bem, o país comemorava a oportunidade de sediar uma Copa pela segunda vez. Vivíamos num clima pesado de derrota com a eliminação no Mundial da Alemanha, e queríamos recuperar o futebol perdido, e nada melhor do que aqui na própria casa. 

Em artigo publicado no jornal El País, Lula afirmou: “Quando era presidente da República, trabalhei intensamente para que a Copa do Mundo de 2014 fosse realizada no Brasil. E não o fiz por razões econômicas ou políticas, mas pelo que o futebol representa para todos os povos e, particularmente, para o povo brasileiro. A nossa população apoiou com entusiasmo a ideia, rejeitando o preconceito elitista dos que dizem que um evento desse porte ‘é coisa de país rico’”.

O otimismo do Lula e de 90% do país era nítido e difícil de ser derrubado pelo que o presidente chamou de "elitistas", quando eles afirmaram que 'evento deste porte é coisa de país rico'. A ideia da realização da Copa para muitos brasileiros, era de que com ela, o país obtesse lucro para investimentos em vários setores. Alguns deles como, saúde, segurança, infraestrutura urbana que atendesse à todos, educação e transporte público. mas, os anos foram passando, estádios foram derrubados, estádios foram erguidos, e a saúde pública do país e sua economia, despencavam.

Estamos a cinco dias para a abertura do Mundial. Neste exato momento, estádios ainda não estão cem por cento e em meio a isto, já passamos por protestos e mais protestos, greves do transporte público envolvendo trens, metrôs e ônibus; greve de professores entre outras mazelas, em que o país se encontra. E então afirmavam: "Não vai ter Copa!" E agora, nos perguntamos: "Vai, ou realmente não vai ter Copa?"

O fato é que, o que nós esperamos a cinco dias é futebol. O que nos espera a pouco tempo também, é uma "Copa". "Copa" esta que será feita de brasileiro para brasileiro; de população para Estado.

Vamos fazer depois a nossa Copa. A Copa da Saúde, a Copa do Transporte, a Copa da Educação. Estas também são caras. Também são gastos milhões. Também se foge do orçamento. Nestas nossas Copas do dia a dia, somos heróis de nós mesmos, e vamos vencer de goleada.

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